segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Estudo verifica método de levantamento da avifauna urbana

Eduardo R. Alexandrino
Biólogo/Ornitólogo e Mestre em Ecologia Aplicada
Um projeto realizado na Escola Superior de Agricultura Luis de Queiros
(Esalq) da USP, em Piracicaba, e financiado pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) comprovou a
aplicabilidade do método de ponto fixo, um dos mais utilizados em
levantamento de aves, para avifauna em regiões urbanas. “O estudo
comprovou que o método de ponto fixo realmente pode ser aplicado na
cidade, desde que o pesquisador esteja altamente preparado para a função.
Também demonstrou que dependendo do local a ser pesquisado dentro da
cidade o número de aves pode ser diferente, evidenciando a necessidade de
direcionar esforços de acordo com a variação na quantidade de materiais
urbanos encontrados em diferentes pontos”, avalia o biólogo da Esalq,
Eduardo Roberto Alexandrino.

O estudo foi feito com apoio do Laboratório de Silvicultura Urbana do Centro
de Métodos Quantitativos (CMQ), do Departamento de Ciências Florestais da
Esalq. A pesquisa revelou que a reunião de um número maior de espécies de
aves pode ser favorecida pela presença de cobertura arbórea, enquanto áreas
construídas e pisos impermeáveis podem prejudicar o número de espécies.
Do mesmo modo, o ruído sonoro urbano também pode atrapalhar na
identificação e contagem de aves. Também se observou que o número de
espécies novas não se altera após o nono minuto de levantamento no ponto.


A incidência de comunidades de aves em determinados locais serve como uma
importante ferramenta de diagnóstico para diversos estudos ambientais.
Por meio da medição desta incidência é possível reconhecer distúrbios
ambientais e identificar interações positivas entre os animais da região, além
de mensurar a biodiversidade existente. “Entretanto, os métodos de coleta
destas informações, até então, nunca haviam sido testados para o ambiente
urbano, colocando em risco a confiabilidade dos dados que são levantados sobre
a comunidade de aves encontradas "na cidade”, comenta Alexandrino.
A partir disso, sob orientação do professor Hilton Thadeu Zarate do Couto,
do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Esalq, o biólogo desenvolveu
um estudo capaz de avaliar a aplicabilidade do método de ponto fixo em uma
região e avifauna urbanas.

Metodologia

O pesquisador analisou três fatores que podem comprometer a qualidade na
coleta de dados: o habitat onde o levantamento é realizado, observando a
composição dos elementos urbanos existentes na cidade, edificações,
quantidade de ruas, arborização; o intervalo de tempo adotado em cada
ponto fixo para a coleta de dados; os aspectos potencialmente prejudiciais à
observação de aves, tais como o ruído sonorourbano e a presença de conversas
causadas por pessoas curiosas.

No total, foram observadas 106 espécies de aves, desde as mais comuns no
ambiente urbano,como pombos, pardais, bem-te-vis, e sanhaços, até as mais
sensíveis à urbanização, como arapaçu-do-cerrado, choca-da-mata, e espécies
migratórias, como o falcão-peregrino.



A pesquisa foi realizada na região central de Piracicaba, a partir de 90 pontos
fixos espalhados pelos bairros São Judas, São Dimas, Clube de Campo,
Cidade Jardim, Centro, Cidade Alta e Parque Rua do Porto,Higenópolis,
Vila Rezende, Nova Piracicaba, Nho-Quim, Monumento, Paulista, Paulicéia
e Castelinho.

Em cada ponto fixo, foram realizadas seis visitas ao longo de um ano de
trabalho de campo.

Para cada visita, Alexandrino identificou as aves e contou-as por 12 minutos
contínuos. Nestes mesmos pontos foram levantados também os elementos
urbanos presentes, como porcentagem de piso impermeável, de área construída,
de cobertura arbórea, de gramado, a quantidade de ruído sonoro existente e
a incidência de pessoas curiosas que poderiam atrapalhar o observador de
aves durante as contagens.

O biólogo espera que os resultados possam servir de base para o
planejamento e execução de demais levantamentos de aves a serem
realizados em outras cidades,visando o aumento da confiabilidade
dos dados coletados e a otimização dos recursos financeiros
destinados a tais estudos.

Fonte: Agência USP de Notícias (acessado em 02/02/11)


Eduardo R. Alexandrino é biólogo/ornitólogo e mestre em Ecologia Aplicada pela ESALQ/USP,
onde realiza pesquisas científicas junto ao depto de Ciências Florestais.
Atua também como consultor ambiental e guia de observação de aves.
Maiores informações visite o site: www.wix.com/eduardoalexandrino/eduardoalexandrino
 

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